Monday, November 10, 2014

Sussurros passivos

Longínquo, um sussurro deixava à ecoar em meus ouvidos, soluçando, a sentença: "comporte - se como um bom garoto, não fale pela abstinência... eles podem te ouvir"
Eu não podia comprometer meus valiosos 5 intensos minutos flutuando nas nuvens da fumaça do crack gritando ou me debatendo.
Me abster da presença alheia garantia bons frutos podres em uma vasta colheita naquele campo vazio.
Os solos inférteis do meu eu interior cansavam sonhos, que vagarosamente caminhavam sobre o rasteiro lamaçal feito de areia de tempo perdido e prantos. Confrontando minhas máculas no reflexo das poças d'água nos meu olhos, sabia que o silêncio era minha prisão, como a passividade de quem se cala por obrigação ou não, porém, inversamente proporcional ao mais próximo passo do abismo. Quanto menor a euforia, maior a expectativa real de uma queda quase que eterna, se não fosse pela morte/Quanto maior a euforia, menor a expectativa real de morrer antes da queda.
O silêncio não era medo, era a passividade de quem é escravo daquilo que ama (depende). Também era tristeza. Uma tristeza em que os músculos da face desistem de se contrair por vontade própria , tornando a expressão tão morta quanto a própria idéia de estar morto.
O que mais poderia eu fazer além de enterrar falsos sorrisos amarelados nas covas sujas do meu rosto?
Talvez fazer não como o Luso dos 1000 nomes e edificar dramas encaixando estrofe sobre estrofe, mas eternizar em rabiscos o meu ser nas paredes externas da realidade.
O silêncio não é só silêncio por ser mudo; é silêncio por ser o sussurro que só eu escuto, o soluço que só a mim atormenta ininterruptamente.

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